Esta postagem fala um pouco sobre padrões e ditadura de beleza.
Antes de tudo, nós da equipe Mama Latina queremos deixar claro que não somos a favor destes padrões, muitas vezes cruéis. Somos a favor sim que você persista em exercícios ciente de que eles te trarão qualidade de vida e saúde mental e corporal e prezamos por sua auto-estima indiferente a valores estéticos que ao longo do texto serão avaliados como passageiros.
Ao longo dos séculos
passados até hoje, vários padrões de beleza influenciaram homens e mulheres de
diversas sociedades, de maneira a tentar
disseminar estereótipos e impor conceitos sobre o que é aceito e agradável e o
que não é.
De acordo com Stenzel
(2002) o corpo da mulher tem sido alvo de diferentes representações de valores
da história da humanidade. A indústria criativa e a mídia de massa como: revistas, cinema e televisão são algumas referências
culturais que nos mostram o significado de “ser belo” em diferentes momentos
histórico-culturais. Ao longo de muitos anos e principalmente entre os séculos
XIV e XVII, a magreza era sinônimo de pobreza, de doença e infertilidade e o
padrão aceito era o de estar um pouco acima do peso assim como retratam
pintores mundialmente reconhecidos como Fernando Botero, Leonardo Da Vinci,
Michelangelo Buonarroti dentre outros.
No final do século XX
este padrão sofre uma grande mudança e a partir de então, homens e mulheres
deviam ser magros. Isso se deve ao fato de a revolução industrial ter mudado o
ritmo de vida das pessoas exigindo mais disposição física para ser produtivo em
uma longa jornada de trabalho. Por isso, a partir do século XX, o corpo vai
reunir o conjunto de discursos que hoje é visto vigorando.
Para a ciência o nosso
corpo, atualmente, se tornou uma peça de medida de avanço da civilização, seja
em aspectos positivos ou não, pois o ‘corpo perfeito’ se tornou a última
promessa do processo evolutivo humano e é, mais do que nunca, o centro das
aspirações de saúde perfeita, juventude eterna e beleza ideal. Mas como lidar
com tanta exigência?
Saúde perfeita,
juventude eterna e beleza ideal não se mostraram passar de aspirações utópicas
e, confirma Novaes (2004), que o padrão de beleza atual impõe que o jovem seja
magro, "sarado" e bronzeado. Tantas exigências geram uma relação
infeliz com o próprio corpo, pois se cada pessoa nasce com seu próprio
estereótipo e por diversas questões seus corpos podem ter tendência a serem
mais volumosos ou mais magrinho, então tentar massificar um padrão de
estereótipo de beleza de corpo humano é menosprezar a diversidade, a
singularidade e a unicidade da própria natureza humana.
Uma vez que a imagem
passa a ocupar o lugar de ser, consequentemente, o sujeito passa a ocupar o
lugar destinado à alteridade e, dessa forma, sendo o sujeito a própria
alteridade, o outro ou qualquer coisa diferente disso é atacado com violência e
intolerância. (NOVAES, 2004, p.77)
Segundo Stenzel (2002),
após o ano de 1920 a pressão psicológica da ditadura da magreza foi se tornando
cada vez maior para as mulheres. Alguns discursos feministas argumentam que
essa foi uma forma de repressão e resistência à independência que as mulheres
começaram a alcançar. A intenção era desviar o foco da mulher da projeção
profissional para a própria forma física, adotando uma ideologia que diz que o
que mais importa em uma mulher é ser atraente.
Essa
magreza em voga no século XX, assim como das mulheres francesas, era o padrão
de beleza a ser seguido no mundo, porém a modelo brasileira Giselle Bündchen
foi quem revolucionou o padrão estético vigente com seu corpo magro, seios
fartos e quadris arredondados. (SCHMITZ, 2012, p.3)
Depois de tanta atenção
que a silhueta magra teve em âmbito mundial Glória Kalil, afirma que o padrão
de beleza brasileiro está longe de ser magro e esguio. Glória conta como desde
a
década
de 70 o corpo da mulher brasileira, por excelência, era o de uma Sônia
Braga:[...] com mais coxa e curvilínea.[...] Foi na época de 90 que apareceu o
axé. Aí começaram de novo a aparecer mulheres mais coxudas. Porém, atualmente,
no ano de 2013, constam-se três padrões de beleza no Brasil: o padrão ‘Miss’, o
padrão ‘modelo’ ou ‘mulherão’. (informação verbal). [1]
Ainda na entrevista, as
dançarinas de grupos musicais da época, como de axé e funk, são mencionadas
como um novo padrão que também influenciou a mulher brasileira na década de
1990. Uma mulher cheia de curvas bem mais generosas, em resposta ao padrão
passarela, magro e sem curvas. Devido a tanta diferença entre as medidas
femininas mundiais e as brasileiras, o SENAIcetiqt realizou uma pesquisa para
identificar um padrão de repetição nas medidas das mulheres brasileiras as
quais foram enumeradas com os seguintes valores, até o momento da entrevista: Busto 89cm,
cintura 78cm, e quadril 94cm longe de serem considerados valores de pessoas tão
magras quanto o padrão de beleza mundial discutido acima.
Portanto vê-se uma
discrepância entre o padrão de corpo feminino mundial e o brasileiro: ser
magérrima com anatomia mais reta ou ser voluptuosa com o corpo curvilíneo,
coxas e seios fartos e cintura estreita? Qual padrão de beleza escolher no
Brasil para se sentir incluso socialmente?
Segundo o Diário do
Nordeste (2012) é possível dizer que
A
busca de um corpo perfeito extrapola a malhação e chega até a mesa de operação
de um cirurgião plástico. Em muitos casos, esse profissional faz intervenções
para tirar algumas imperfeições pouco visíveis
mas que fazem diferença na vida dessas mulheres. Um dos procedimentos
cirúrgicos mais solicitados de uns tempos para cá é o silicone que é usado nos
seios ou em qualquer parte do corpo para melhorar a aparência e deixar a
autoestima de qualquer mulher lá em cima.
Depois de falarmos sobre tudo isso você ainda pensa em se deixar abater para Seguir Padrões? Escolha a mulher que você quer ser! ( propaganda Carefree)
Texto por Isabella Marques Cardoso, Designer de Moda.